terça-feira, 26 de março de 2024

Desconfiança em Deus, o Principal Pecado


Na penumbra da alma, onde os dilemas se entrelaçam como teias de aranha, reside o mais insidioso dos pecados: a desconfiança em Deus. Não é o furor blasfemo que ecoa nas catedrais, nem o grito de revolta que desafia os altares. É algo mais sutil, mais traiçoeiro. É a dúvida que se infiltra como um veneno silencioso, corroendo a fé desde dentro.

O homem, esse ser inquieto e ávido por respostas, ergue os olhos ao céu em busca de significado. Ele anseia por um Deus que lhe explique o inexplicável, que lhe revele os segredos do universo. Mas quando as estrelas permanecem mudas e os céus permanecem impenetráveis, a desconfiança se insinua.

“Será que Deus existe?”, sussurra o homem em sua solidão. “Será que Ele nos abandonou à deriva neste oceano de incertezas?” E assim, a semente da desconfiança é plantada, germinando nos recantos mais sombrios da alma.

O homem olha para o mundo e vê a dor, a injustiça, a crueldade. Ele contempla os horrores que assolam a humanidade e questiona: “Se Deus é amor, por que permite tanta aflição?” A desconfiança se alimenta das lágrimas dos inocentes, das súplicas não atendidas, dos milagres que nunca acontecem.

E assim, o homem se torna um apóstata em segredo. Ele frequenta os templos, mas sua alma está distante. Ele reza, mas suas palavras são vazias. Ele se agarra a dogmas, mas sua mente está em rebelião. A desconfiança se transforma em um abismo entre ele e o divino.

Mas talvez, apenas talvez, a desconfiança seja o teste final da fé. Talvez Deus observe com olhos compassivos enquanto o homem luta contra suas próprias sombras. Talvez Ele espere pacientemente, sabendo que a jornada da fé é uma dança entre a luz e a escuridão.

E assim, o homem deve escolher. Ele pode se afogar na desconfiança, afastando-se do sagrado, ou pode se lançar no abismo, confiando que, mesmo na queda, há mãos invisíveis prontas para segurá-lo.

A desconfiança em Deus, o principal pecado, é também a oportunidade de redenção. Pois é na escuridão que a luz brilha mais intensamente. E é na dúvida que a fé se fortalece, como uma árvore que cresce em solo rochoso, suas raízes buscando alicerces profundos.

Que o homem, então, olhe para o céu com olhos de criança, sem medo da vastidão. Que ele abrace a incerteza como um presente, pois é nela que a fé floresce. E que ele saiba que, mesmo quando a desconfiança o assaltar, há um Deus que espera pacientemente, com amor inabalável, pelo retorno do filho pródigo.

Desenvolvendo a Confiança em Deus: Uma Jornada de Fé

Na quietude das almas, onde as estrelas sussurram segredos e os ventos carregam histórias antigas, reside a essência da confiança em Deus. Não é um caminho pavimentado, mas sim uma trilha sinuosa que serpenteia pelos vales da incerteza e pelas montanhas da esperança.

O homem, esse viajante da incerteza, anseia por ancorar sua alma em algo maior. Ele busca respostas nos pergaminhos sagrados, nas preces noturnas e nos olhos dos sábios. Mas a confiança não é um destino; é uma jornada. E como todo peregrino, ele deve dar o primeiro passo.

1. O Silêncio da Fé

A confiança começa no silêncio. É quando o homem se curva diante do desconhecido e sussurra: “Aqui estou, Senhor.” É quando ele abandona as certezas mundanas e se lança nos braços invisíveis da divindade. A fé não é um grito; é um sussurro que ecoa nas câmaras secretas do coração.

2. As Estrelas e os Abismos

O homem olha para o céu e vê as estrelas. Elas são faróis na noite escura, guias para os navegantes perdidos. Ele contempla os abismos da existência e se pergunta: “Haverá um plano maior? Haverá um propósito oculto?” A confiança é a resposta que ele encontra nas constelações e nos vazios siderais onde pode ver a mão de Deus no leme do universo. Galáxias, sistemas planetários, quem sabe, milhares de mundos habitados por ouros seres, tudo dependendo de um Deus longânimo e bondoso, que mantem as leis perenes que dão solidez e equilíbrio aos milhares de sistemas no cosmo. A percepção do comando divino é o fundamento da confiança.

3. As Tempestades da Dúvida

Mas a jornada da confiança não é isenta de tempestades. A dúvida, muitas vezes, se ergue como ondas revoltas, ameaçando afundar o barco frágil da fé. O homem se agarra aos mastros da esperança, enfrentando os ventos da incerteza. Ele aprende que a confiança não é ausência de dúvida; é a coragem de continuar navegando mesmo quando o horizonte está encoberto.

4. O Refúgio nas Promessas

As Escrituras são faróis na escuridão. Elas contêm as promessas de Deus, como pérolas escondidas no fundo do mar. O homem lê sobre a aliança com Noé, a fé de Abraão, a coragem de Moisés, a perseverança dos mártires. Ele percebe que a confiança não é cega; é baseada em histórias de fidelidade e amor.

5. A Oração como Bússola

A oração é a bússola da confiança. O homem se ajoelha e fala com o Invisível. Ele compartilha seus medos, suas alegrias, suas angústias. Ele aprende que a confiança não é uma estrada reta; é um diálogo constante com o divino. Às vezes ouvindo, às vezes silêncio. Quando ouve a voz de Deus deve orar, quando não ouve deve orar ainda mais. E quanto mais ora, mais os mistérios são revelados; a oração promove o desenvolvimento da fé inteligente, é mediante o orar que aprendemos a ciência do buscar e a paciência para esperar.

6. Os Milagres Cotidianos

A confiança se fortalece nos milagres cotidianos. O homem vê a chuva que alimenta a terra, o sorriso de uma criança, a mão estendida de um amigo. Ele entende que a confiança não é apenas para os grandes momentos; é para cada respiração, cada batida do coração. Se Deus alimenta as aves, se cuida da frágil erva, cuidará de quem nele confia.

7. A Dança da Fé

E assim, o homem dança com a fé. Ele gira nos círculos da incerteza, levanta os braços para os céus e se entrega. Ele sabe que a confiança não é uma linha reta; é uma dança que oscila entre a luz e a sombra, entre o alcance da visão e a opacidade do infinito, entre o conhecer Deus e esperar o que dele advem.

Que o homem, então, continue sua jornada. Que ele confie nas estrelas, mesmo quando a noite é mais escura. Que ele se curve diante do mistério, sabendo que a confiança é a ponte que liga o finito ao infinito.

 

quinta-feira, 25 de janeiro de 2024

Exemplo perfeito para as crianças, os jovens e os adultos

 

“O homem caiu. A imagem de Deus nele se acha deformada. Por causa da desobediência ele se tornou depravado em suas inclinações e debilitado em suas faculdades, aparentemente incapaz de esperar qualquer outra coisa além de tribulação e castigo” (Ellen White, Refletindo a Cristo, 23 de janeiro, p.29) .

A queda do homem significou a rebaixada do nível moral no qual fora criado e colocado por Deus. Havai simetria nas três dimensões humanas: corpo, alma e espírito. Depois da queda veio a depravação; perversão ou corrupção, o efeito de estragar, alterar para pior. A queda alterou para pior as inclinações, os desejos humanos que eram sempre em direção ao que é justo; agora estão estragados. Não há mais inclinação para fatos de justiça, apenas para injustiças ou iniquidades. As faculdades espirituais todas foram alteradas; as capacidades naturais ou adquiridas para realizar alguma coisa. Assim, a sensação, o pensamento, a imaginação, a memória e a vontade, responsáveis por vários fenômenos, como percepção, experiência de dor, crença, desejo, intenção e emoção, estes últimos ligados à alma humana, todas as faculdades que estão relacionadas com as funções superiores do cérebro humano e que possibilitam sua cognição e comportamento, estas faculdades foram alteradas para pior com a queda.

 Mas Deus, por intermédio de Cristo, planejou um escape, e diz a todos: “Portanto, sede vós perfeitos” (Mateus 5:48). Em outras palavras, não era o plano de Deus deixar a humanidade pós-queda nesse estado degradado ou depravado.  O propósito divino é que o homem seja correto e digno diante dEle, e assim, por meio de Jesus Cristo, o Seu plano não será frustrado. “Ele enviou o Seu Filho a este mundo a fim de pagar a penalidade do pecado, e mostrar ao homem como viver uma vida sem pecado” (Ellen White, idem). Chamamos a atenção para que ao homem foi dada oportunidade para deixar a depravação e retornar ao status quo em que estava no Éden. A ideia de homem permanentemente pecador não é bíblica.

“Cristo é o nosso ideal. Ele deixou um exemplo perfeito para as crianças, os jovens e os adultos. Ele veio à Terra e passou pelas diferentes fases da experiência humana. Em Sua vida o pecado não encontrou lugar. Do início ao fim de Sua vida terrena, Ele manteve pura Sua lealdade a Deus. As Escrituras dizem dEle: Crescia o menino e Se fortalecia, enchendo-Se de sabedoria; e a graça de Deus estava sobre Ele (Lucas 2:40). Ele crescia “em sabedoria, estatura e graça, diante de Deus e dos homens” ( Lucas 2:52). (Ellen White, idem).

“O Salvador não viveu para a satisfação de Si mesmo. [...] Não possuía lar neste mundo, exceto quando a bondade de Seus amigos lhe providenciava um; no entanto, era divinal estar em Sua presença. Dia a dia Ele enfrentava as provações e tentações, mas não fracassou nem ficou desanimado. Era sempre paciente e bem-disposto, e os angustiados O aclamavam como um mensageiro de vida, paz e saúde. Nada havia em Sua vida que não fosse puro e nobre” (Ellen White, idem). O que é importante na citação acima? Jesus é o homem que viveu sem dar oportunidade ao pecado. No seu dia a dia estava exposto às mesmas tentações ou sugestões satânicas como qualquer ser humano. Mantinha suas inclinações e suas faculdades conforme o padrão que fora dado a Adão. O padrão é a lei de Deus. Ali há nossos deveres para com a divindade e também nossos deveres para com os semelhantes. Jesus era 100% homem. Não havia nenhuma diferença nele que o separasse do conjunto dos humanos. E nem poderia haver, sob pena de não nos representar.  Por essa razão, somos instados a imitá-lo.

A promessa de Deus é: “E sereis santos, porque Eu sou santo” (Levítico 11:44). A santidade é o estado contrário ao pecado; a santidade é o reflexo da glória de Deus. O reflexo do caráter de Deus. Mas para refletirmos esta glória, precisamos cooperar com Deus. A cooperação é possível quando o coração e a mente se esvaziam de tudo que conduz ao erro. O erro é chamado na Bíblia de mundanismo; conformidade com o pensamento ou o comportamento da sociedade humana depravada em sua essência. O combate ao erro somente é possível pela suplantação do raciocínio mundano. É necessária a substituição dos pressupostos da razão pura, da tradição civilizatória humana por outras pressuposições que somente são encontrados na Palavra de Deus. Esta precisa ser lida e estudada com um sincero desejo de obter dela força espiritual.

A força espiritual significa que novas ideias ultrapassarão as antigas. A Bíblia é o Pão do Céu; as ideias celestes alimentarão a nova mente e formarão a nova alma. Os que recebem o Pão do Céu e o tornam uma parte de sua vida, se fortalecem em Deus e não no mundanismo ou tradições humanas que formam o senso coletivo. Nossa santificação, ou nossa conformidade com o caráter de Deus, é o objetivo de Deus em toda a Sua conduta conosco. Ele nos escolheu desde a eternidade, para sermos santos. Cristo declara: “Pois esta é a vontade de Deus: a vossa santificação” (1 Tessalonicenses 4:3). Em decorrência do que até aqui vimos, será necessário que queiramos que os nossos desejos e inclinações sejam mantidos segundo a vontade divina. Sem nossa aquiescência, nada da parte de Deus será realizado. Nestas circunstâncias permaneceremos na depravação. Por esta razão, é necessário um novo nascimento que se inicia com o batismo por imersão.

Ninguém sai do estado depravado sem pagar a multa prevista na lei de Deus, qual seja, sem derramamento de sangue não há remissão de pecado, portanto, a própria vida deve ser o pagamento (batismo). Era essa necessidade que os sacrifícios diários no santuário enfatizavam. O cordeiro morto diariamente simbolizava Cristo que faria o pagamento por toda humanidade. Foi a morte de Cristo (nós a experimentamos no batismo; morremos e ressuscitamos) que possibilitou nossa remissão. Um remido tem a sua dívida anulada, mas, o prejuízo é sempre debitado a alguém. Assim, somos eternamente devedores a Cristo.

Devido ao sacrifício de Cristo, podemos almejar ser santos. O caráter de satanás será substituído pelo caráter de Deus. “O viver a vida do Salvador, o superar cada desejo egoísta, cumprindo corajosa e alegremente nosso dever para com Deus e para com aqueles que nos cercam, nos torna mais do que vencedores. Isso nos prepara para permanecer em pé diante do grande trono branco, livres de qualquer mácula ou ruga, após termos lavado nossas vestes no sangue do Cordeiro” ( Signs of the Times, 30 de Março de 1904).

Deve ficar entendido que nosso dever para com Deus está contido nos cinco primeiros comandos da lei dos dez mandamentos, assim como nosso dever para com os que nos cercam são os outros cinco comandos. Por causa do sacrifício de cristo, posso reivindicar que me seja permitido obedecer a Deus e não ao mundo. Tal situação chama-se liberdade.

quarta-feira, 17 de janeiro de 2024

A essência humana é triangular

 

A criação do homem foi um feito divino de extrema complexidade. Era intensão divina que o homem formasse uma nova e distinta ordem de seres inteligentes para que demonstrasse para o universo inteiro as vantagens da lei de Deus (Ellen White, Review and Herald, 11 de fevereiro, 1902). Assim, a humanidade foi formada à imagem de Deus, com poderes mentais superiores a qualquer outra criatura vivente que houvesse Deus feito. Suas faculdades mentais eram apenas um pouco menor do que a dos anjos (Idem, 24 de fevereiro de 1874).

A palavra complexidade significa a qualidade de ter muitas ligações, as quais formam plexos, ou seja, com muitas ramificações que se entrelaçam. Um dos plexos humanos mais significativos está formado pelas três dimensões: corpo, espírito e alma.

Três dimensões humanas estão discutidas nas tradições religiosas e filosóficas e, seria oportuno entender as três partes, especialmente sob a iluminação bíblica.

“E o mesmo Deus de paz vos santifique em tudo; e todo o vosso espírito, e alma, e corpo, sejam plenamente conservados irrepreensíveis para a vinda de nosso SENHOR Jesus Cristo”. (I Tessalonicenses 5:23). Conforme a Bíblia, as três dimensões devem ser conservadas para que tenhamos sucesso no dia do encontro com Deus.

Parece haver uma ênfase na importância da harmonia entre corpo, mente e espírito, encorajando um estilo de vida equilibrado e saudável. Também parece intuitivo ver o raciocínio bíblico indicando que desequilíbrios nas três dimensões humanas causam teratologias pessoais e coletivas. Talvez seja prudente olhar mais na intimidade estas dimensões.

Corpo

O corpo refere-se à dimensão física e tangível do ser humano. Ele inclui as células, os órgãos, os sistemas, e toda a estrutura material que compõe o organismo. O corpo é a parte visível e material da existência humana, sujeita às leis da natureza, ao envelhecimento e à mortalidade. De acordo com a tradição cristã, o corpo é criado por Deus e é considerado o templo do Espírito Santo; no funcionamento do corpo pode-se ver, na harmonia entre os órgãos e sistemas, as ideias e o modelo administrativo de Deus. O corpo é a dimensão através da qual a imagem de Deus aparece aos olhos dos outros semelhantes. É o corpo que expressa a fé quando produz as boas obras. É, na verdade, o corpo a dimensão onde Deus habita, ou seja, onde são expressos e materializados os fundamentos ideológicos divinos.

Espírito

Esta dimensão está conexa com a razão. A expressão "razão humana" refere-se à capacidade cognitiva exclusiva dos seres humanos de pensar, analisar, compreender e tomar decisões com base na lógica, na experiência e na reflexão. A razão humana é muitas vezes considerada uma característica distintiva da espécie humana e é fundamental à ética e a tomada de decisões.

O espírito/razão envolve a capacidade de pensar logicamente e de forma coerente. Isso inclui a habilidade de fazer inferências, analisar padrões, reconhecer relações de causa e efeito, e aplicar princípios lógicos. Os seres humanos têm a capacidade de avaliar diferentes opções, considerar informações relevantes e tomar decisões informadas com base em análises racionais.

O espírito humano permite ao homem a reflexão e autoconsciência; os seres humanos podem avaliar seus próprios pensamentos, examinar suas crenças e buscar compreensão sobre si mesmos e o mundo ao seu redor.

Através do espírito/razão, os seres humanos exploram o mundo, formulam teorias, conduzem experimentos e desenvolvem tecnologias inovadoras. Além disso o espírito permite a formulação de princípios éticos e morais. A capacidade de avaliar ações à luz de valores éticos e morais contribuindo para o desenvolvimento de sistemas éticos e para posicionamentos éticos.

É com o espírito que os homens se comunicam e expressam pensamentos, compartilham ideias complexas e colaboram na construção do conhecimento. A capacidade de raciocinar está intrinsecamente ligada à linguagem e à comunicação.

Os seres humanos buscam compreender o propósito da vida, a natureza da existência. Por essa razão, o espírito é associado à comunhão com Deus e à vida espiritual, ou seja, a vida além das posses materiais. Em João 4:24 (NVI), Jesus diz: "Deus é espírito, e é necessário que os seus adoradores o adorem em espírito e em verdade."  Adorar em espírito significa estar servindo a Deus com toda a nossa capacidade cognitiva e a razão. Adorar em verdade pressupõe que não há hipocrisias no relacionamento com Deus. O serviremos porque reconhecemos sua soberania e superioridade, discernimos os valores morais exigidos e, efetivamente os empregamos nos relacionamentos sociais cotidianos. A obra do Espírito Santo também é destacada em passagens que falam sobre regeneração e renovação espiritual (por exemplo, Tito 3:5).

Alma

No hebraico, a palavra que muitas vezes é traduzida como "alma" é "nephesh" (נֶפֶשׁ). O termo "nephesh" é usado em várias passagens na Bíblia hebraica (Antigo Testamento) e tem uma gama de significados, sendo traduzido não apenas como "alma", mas também como "vida", "criatura", "ser" ou "pessoa", dependendo do contexto. Na tradição hebraica, a "nephesh" está frequentemente associada à totalidade da vida de uma pessoa, incluindo suas emoções, desejos e individualidade.

"Então o Senhor Deus formou o homem do pó da terra e soprou em suas narinas o fôlego de vida, e o homem se tornou um ser vivente" (Gênesis 2:7). A palavra-chave aqui é "ser vivente", traduzida do hebraico "nephesh chayyah" (נֶפֶשׁ חַיָּה). Nesta passagem, a "nephesh" está relacionada à criação do ser humano como um ser vivo. A ênfase está na vida animada dada por Deus ao homem. Em Gênesis 2:7, está destacada a vivacidade e a animação dadas por Deus aos seres humanos, ou seja, a capacidade de se movimentar, em sentido amplo, e de ter volição, tomada de decisão, vontade, vitalidade, varonilidade.

Por um raciocínio intuitivo, é fácil concluir que a alma sempre obedece ao espírito; o espírito produz a alma. O espírito, por sua vez, depende do corpo, considerando que o cérebro é a sede do espírito e todas as partes do corpo trabalham para manter a sanidade do cérebro. A alma formada pela mente e sustentada pelo corpo, encapsula a ideia da totalidade da existência de uma pessoa: Emoções, desejos, individualidade.

O corpo sustenta a mente, ou espírito, ou a razão; quando pensamos, o cérebro se inunda de sangue. O espírito dá surgimento e formata a alma. As três dimensões possuem relação de complexidade, significando que uma não existe sem a outra. O desequilíbrio em uma das três dimensões provoca, necessariamente, assimetria e, esta, por sua vez, produz um ser humano disfuncional.

Agora, vamos falar no que pode provocar o desequilíbrio tridimensional humano. Se o corpo é a estrutura física que alberga as outras duas dimensões, então, qualquer injúria contra o corpo afetará diretamente o espírito e a alma.

No Éden, a serpente oferece alimento ao casal que era a matriz de uma nova e distinta ordem de seres inteligentes.  “E viu a mulher que aquela árvore era boa para se comer, e agradável aos olhos, e árvore desejável para dar entendimento [...]” (Gênesis 3:6). Satanás estimulou (tentou) Eva a provar algo que Deus havia proibido. É importante que tenhamos em mente a noção de que as proibições de Deus são motores para manutenção do equilíbrio das três dimensões humanas. Desde a saída do casal primitivo do Éden, até o presente, satanás vem oferecendo à humanidade substâncias que, supostamente, alteram para melhor o desempenho do espírito e, consequentemente, alteram a estado da alma. A palavra temperança faz algum sentido?

As substâncias que ingerimos podem causar dois efeitos: produzem efeitos terapêuticos ou efeitos tóxicos. Logo, qualquer substância que possa injuriar o corpo, roubará a capacidade do corpo de gerar um espírito pleno e, consequentemente, gerará uma alma doente. Portanto, todo vício vai tornar os humanos prisioneiros, sem liberdade, uma vez que a liberdade, a volição, a capacidade de tomar atitudes, que está nas mãos da alma, ficará impedida porque o corpo produzirá solicitações incontroláveis ao espírito (concupiscência) e este afetará a liberdade volitiva da alma. O vício aprisiona o corpo e este não permite que o espírito utilize a razão para estabelecer relações causa e efeito, resultando na perda da alma. A varonilidade de um humano depende, necessariamente, do equilíbrio das três dimensões.

Jesus enfatizou o perigo: "Não tenham medo dos que matam o corpo, mas não podem matar a alma. Antes, tenham medo daquele que pode destruir tanto a alma como o corpo no inferno" (Mateus 10:28).

“Adão estava diante de Deus na força da sua varonilidade, tendo todos os órgãos e faculdades do seu ser plenamente desenvolvidos e harmoniosamente equilibrados” (Ellen White, A Verdade Sobre os Anjos, p.50). É fácil concluir que o pecado retirou da humanidade o estado de equilíbrio primitivo. É o desequilíbrio das três dimensões a causa de toda insegurança e injustiça, e também está relacionada com as várias doenças psicossomáticas.

São três as dimensões humanas. São três as divindades na trindade. São três os principais patriarcas (Abraão, Isaque e Jacó). Na tradição rabínica, a Torá (os cinco livros de Moisés) é frequentemente dividida em três partes: Torá (Lei), Nevi'im (Profetas) e Ketuvim (Escritos). Essa divisão é conhecida como Tanakh, que é a Bíblia Hebraica. Além disso, os rabinos categorizaram os milagres divinos em três tipos: aqueles que afetam a natureza (nissim), aqueles que envolvem eventos históricos (nesim), e milagres pessoais (mofet). Durante o Shabat (sábado), os judeus tradicionalmente fazem três refeições significativas: uma na noite de sexta-feira, uma durante o dia de sábado e outra à noite no sábado. Essas refeições são vistas como parte da observância do Shabat. Em alguns ensinamentos rabínicos, é mencionado que existem três tipos de amor: amor instintivo (ahavah), amor condicional (ahavtá), e amor incondicional (ve'ahavtá).

Qual a importância do número três no equilíbrio?

Vamos entender olhando a figura geométrica mais simples, o triângulo. Estruturas formadas por triângulos são frequentemente mais estáveis do que aquelas que não possuem essa configuração triangular. Essa estabilidade está relacionada a várias propriedades geométricas e mecânicas dos triângulos.

Os engenheiros defendem que os triângulos são eficazes na distribuição de forças. Quando uma força é aplicada a um triângulo, a carga é distribuída de forma mais uniforme pelos lados, minimizando pontos de tensão concentrada. Isso contribui para a estabilidade estrutural.

Branislav Vidic (1933-2003), um engenheiro iugoslavo, desenvolveu várias teorias sobre a eficiência das estruturas triangulares. Ele enfatizou a importância da simetria e da geometria na concepção de estruturas resistentes.

Triângulos são formas rígidas que resistem bem a deformações. Se um triângulo é deformado, os comprimentos dos seus lados ou os ângulos internos precisariam mudar, o que não é fácil em comparação com formas mais complexas.

Em estruturas trianguladas, os deslocamentos em um ponto tendem a ser minimizados. Se um ponto em um triângulo se desloca, isso afeta diretamente os comprimentos dos lados e, consequentemente, a geometria do triângulo. Isso ajuda a limitar e controlar os deslocamentos indesejados.

Buckminster Fuller (1895-1983), um arquiteto, engenheiro e designer, é famoso por popularizar a cúpula geodésica, uma estrutura composta por triângulos interconectados. Fuller acreditava que as estruturas triangulares eram a forma mais eficiente e resistente para construções em larga escala.

A geometria simples dos triângulos facilita a análise matemática e a resolução de equações relacionadas a forças, momentos e deformações. Isso simplifica o projeto e a análise de estruturas.

Estruturas formadas por triângulos tendem a ser mais estáveis globalmente. Triângulos podem ser combinados para formar treliças e malhas, que são usadas em pontes, torres, mastros, e outras estruturas, proporcionando estabilidade global. Então, pensem numa comunidade com pessoas equilibradas nas três dimensões humanas? Teríamos estabilidade social coletiva.

Santiago Calatrava (1951-presente), um arquiteto, engenheiro e escultor contemporâneo, é conhecido por suas obras que frequentemente incorporam formas geométricas, incluindo triângulos. Suas pontes e edifícios muitas vezes apresentam estruturas triangulares que contribuem para a estabilidade global e a estética arquitetônica.

Frei Otto (1925-2015), um arquiteto e engenheiro alemão, era conhecido por suas contribuições para a arquitetura leve e tensão. Suas estruturas muitas vezes incorporavam formas triangulares para otimizar a estabilidade e a distribuição de forças.

Portanto, triângulos são eficientes na resistência a cargas laterais, como vento ou movimentação lateral. Isso é especialmente importante em estruturas expostas a condições ambientais desafiadoras.

Entendendo as qualidades dos triângulos podemos entender que comunidades equilibradas tridimensionalmente resistiriam melhor a ventos morais negativos e às derivas éticas costumeiras de nosso tempo.

É por essas razões que muitas estruturas na engenharia, como pontes, torres de transmissão, mastros, treliças e algumas formas de estruturas arquitetônicas, são projetadas com uma configuração triangular.

Qual é o objetivo do evangelho e a função de uma sociedade da fé? Devolver ao homem o estado original quando o equilíbrio das três dimensões (corpo, espírito e alma) estará satisfeito. Nossa preocupação como cristãos é construir pessoas e comunidades assim. A igreja é bem mais do que apenas programações que invariavelmente divertem mais que educam. Igrejas cristãs são centros de altíssima cognição, onde deverão ser desenvolvidas as três dimensões humanas. Sem o regresso ao equilíbrio tridimensional humano, não seremos capazes de servir a Deus plenamente, porque Deus se relaciona com pessoas livres. É na dimensão triangular que está a nossa resistência.

Tudo o que afeta o corpo, ou produz dependência ou vícios deve ser eliminado. Não estamos falando apenas de substâncias químicas. Há tipos de vícios que são de ordem psicológica que irão, da mesma forma enfraquecer a estrutura triangular humana. Mas, todos os vícios promovem escravidão. Um corpo escravizado definha a razão porque degrada o lobo frontal do cérebro, no qual estão as altas faculdades da mente. Mente enfraquecida tira a existência da alma. Essa é a situação em que o pecado nos aprisionou.

 

 

 

 

 

 

 

segunda-feira, 8 de janeiro de 2024

A oração é um ato humano

 

A oração é um ato humano que visa estabelecer uma conexão com o divino. Na perspectiva cristã, a oração é vista como o diálogo do crente com Deus. Isso significa que orar é basicamente falar com Deus. Se Deus fala conosco através das Escrituras, nós falamos com Ele através da oração. Portanto, a oração é uma parte fundamental do nosso relacionamento com Deus. Ela é tão essencial ao crescimento na vida espiritual (no crescimento na direção oposta ao materialismo, no aprendizado para lidar muito mais com conceitos do que com objetos), como o alimento é essencial ao bem-estar físico. Não é possível viver de forma saudável longe de Deus, pois Ele é o mantenedor da vida. Sempre será possível contar com ajuda divina, para nos assistir passo a passo, mas, somente contaremos com essa ajuda sob as condições estabelecidas por Deus.

RELIGIÃO — esta deve estar subjacente em todos os atos da vida. As faculdades morais, ou seja, nossa capacidade para fazer escolhas, ou a nossa alma, bem como nossas capacidades físicas, nosso corpo ou soma, através do qual materializamos nossas escolhas, além de nossas capacidades espirituais, a nossa mente, o lócus onde são processadas as informações que embasam nossas decisões, todas as nossas faculdades devem estar empenhadas na batalha cristã. Esta batalha é contra o mundanismo (materialismo) e, como munição, devemos ter a Cristo como modelo necessário, de onde vêm a força e o conhecimento para vencermos o mundo.

Muitos oradores nas igrejas persistem no discurso do determinismo pecaminoso. O homem pecador jamais poderá elevar-se acima do pecado. No entanto, este pressuposto nega a verdade bíblica exposta em vidas como a de Enoque, Moisés e Elias, os quais, com exceção de Moisés, foram transladados. A escritora Ellen White, em seu livro Santificação (p.59) Explica: “Cristo veio ao mundo para salvá-lo, para ligar o homem caído ao Deus infinito. Os discípulos de Cristo devem ser canais de luz. Manterão comunhão com Deus, devem transmitir àqueles que estão em trevas e erros especiais bençãos celestes. Enoque não se contaminou com a iniquidade prevalecente em seus dias. Por que ocorreria o contrário conosco hoje?”.

Uma análise do texto acima nos mostra que é possível sair da condição de pecadores derrotados e em trevas. Ora, se Cristo veio ao mundo para ligar o homem caído ao Deus infinito, então, o homem, se se determinar, não permanecerá caído. A força desta premissa é que os que seguem a Cristo devem transmitir luz aos que estão em trevas. Luz e trevas são dois sistemas morais diferentes. No primeiro encontram-se os princípios do altruísmo e preocupação com a ascensão moral do outro que está em trevas, ou seja, no sistema egoísta. Necessariamente, o sistema egoísta é iníquo, se sustenta na desigualdade. Quanto mais desiguais são os homens, mais sucesso conseguem, logo, não há espaço para ajuda ao semelhante. Observemos que Enoque não se contaminou com a iniquidade do seu tempo. Todos aqueles que saíram da queda moral, do mesmo modo, evitarão qualquer tipo de desigualdade, procurarão estabelecer a justiça.

A boa religião sempre buscará diminuir as desigualdades (Gálatas 5:19-26). É devido à boa religião que o inimigo das nossas almas, das nossas boas decisões, não dorme. As tentações a que estamos diariamente expostos tornam a oração uma necessidade. Através dela, manteremos nossas mentes (espírito) e nossos desejos (alma) ligados a Deus de onde vêm o auxílio, a luz, a força e o conhecimento. A luz é o sistema altruísta de ajuda mútua. A força é a materialização de atos e ações misericordiosos em favor de outrem. O conhecimento é Cristo e seu evangelho. As tentações são estímulos para permanecermos no sistema egoísta.

Precisamos viver de forma bivalente: Pensamento e ação; oração e zeloso obséquio. Através da oração podemos nos manter longe da iniquidade prevalente em nossos dias e estar habilitados para difundir a outros, por nossa relação com eles, a luz, a paz e a serenidade que reinam em nosso coração, dando um exemplo da inabalável fidelidade à nossa missão de ser testemunhas de Deus, inundando outras almas com luz divina.

A oração é uma parte essencial da vida do crente, permitindo-nos comunicar diretamente com Deus, buscar Sua orientação, expressar gratidão, confessar pecados e interceder em favor de outros. É uma prática que nos fortalece espiritualmente, fazendo-nos transcender o mundo materialista e nos conecta com Deus e nos capacita a enfrentar as adversidades da vida, suas iniquidades, com fé e esperança.

 

 

terça-feira, 12 de dezembro de 2023

Educando adultos e crianças para o céu

 

Nosso planeta está patrocinando um sistema social injusto. Governos injustos. Sistemas religiosos que lutam pelas mentes das pessoas e, portanto, usam persuasões injustas. Escolas ensinando ideologias injustas, educando jovens para superarem outros jovens. Lares que educam para a competição. A pergunta que vem à mente é como quebrar este paradigma injusto ou a visão de mundo onde a competição é o objetivo.

A Bíblia traz uma visão de mundo muito adversa à competição. Apresenta três pilares para vencer a competição: Bondade, justiça e verdade.

A igreja cristã, de acordo com a verdade pura, é a instituição divina para educar adultos e crianças visando quebrar o paradigma da injustiça sob o qual o mundo opera. O apóstolo Paulo adverte aos cristãos de que embora sejam carnais, não devem militar segundo a carne. Segue dizendo que as armas dos cristãos não são carnais, mas, armas poderosas em Deus para destruição das fortalezas; destruindo os conselhos, e toda a altivez que se levanta contra o conhecimento de Deus, e levando cativo todo entendimento à obediência de Cristo. Portanto, os cristãos deveriam estar prontos para vingar toda desobediência, quando for cumprida a obediência cristã (2Cor. 10:3-6). É quase intuitivo que as armas do mundo são a riqueza, o talento que rende prestígio, posição, influência, razão antropogênica, perversão da verdade, força e projetos humanos.

As armas satânicas são defendidas por fortificações. Novamente, Paulo explica:” Porque as obras da carne são manifestas, as quais são: adultério, prostituição, impureza, lascívia, Idolatria, feitiçaria, inimizades, porfias, emulações, iras, pelejas, dissensões, heresias, Invejas, homicídios, bebedices, glutonarias, e coisas semelhantes a estas, acerca das quais vos declaro, como já antes vos disse, que os que cometem tais coisas não herdarão o reino de Deus (Gl. 5:19-21).

Na construção do caráter, baseada na contracultura cristã, a integridade é necessária ao êxito. “Importa haver sincero desejo de executar os planos do Construtor-Mestre. As vigas empregadas precisam ser sólidas; nenhuma obra descuidosa, que não seja digna de confiança, pode ser aceita; isso arruinaria o edifício. Lembrai-vos de que estais construindo para a eternidade. Vede que seja seguro o vosso fundamento; construí então firmemente, e com persistente esforço, mas com brandura, mansidão e amor. Assim vossa casa será inabalável, não somente quando as tempestades da tentação vierem, mas quando a assoladora inundação da ira de Deus varrer o mundo” (The Youths Instructor, 19 de fevereiro de 1903).

“Na formação do caráter é da máxima importância que cavemos fundo, removendo todo lixo, e construindo na inabalável, na sólida Rocha que é Cristo Jesus. O maligno está sempre à espreita de uma oportunidade para [...] atrair a mente para o que é proibido. Se ele puder, fixá-la-á nas coisas do mundo. Procurará estimular as emoções, despertar as paixões, firmar as afeições no que não é para vosso bem; pertence-vos, porém, manter toda emoção e paixão sob domínio, em calma sujeição ao entendimento e à consciência. Então Satanás perde o poder de controlar a mente. A obra a que Cristo nos chama é a de vencer progressivamente o mal espiritual em nosso caráter. As tendências naturais devem ser vencidas. ... O apetite e a paixão precisam ser dominados, e a vontade inteiramente posta do lado de Cristo” (The Review and Herald, 14 de junho de 1892).

É importante não perder de vista as fortalezas defendidas pelo inimigo: “Porque as obras da carne são manifestas, as quais são: adultério, prostituição, impureza, lascívia, Idolatria, feitiçaria, inimizades, porfias, emulações, iras, pelejas, dissensões, heresias,  Invejas, homicídios, bebedices, glutonarias, e coisas semelhantes a estas, acerca das quais vos declaro, como já antes vos disse, que os que cometem tais coisas não herdarão o reino de Deus” (Gl 5:19-21).

Ora, se temos que retirar todo lixo do mundo, então, o que devemos colocar no lugar? A resposta está nas palavras de Jesus: “Tomai sobre vós o meu jugo, e aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração; e encontrareis descanso para as vossas almas”.(Mt.11:29). O que será necessário entender é o uso do jugo. Um instrumento de madeira utilizado para manter pareados dois animais, um adestrado e outro não adestrado, obrigando-os a caminharem juntos emparelhando todos os movimentos, de sorte que, o animal adestrado ensine aquele que não sabe. Um dos animais é experiente e conhecedor de uma tarefa. O outro é novato e desconhecedor da tarefa que, por causa do convívio, aprenderá a tarefa. Esta maneira de ensinar é evocada por Jesus para mostrar que uma pessoa somente aprenderá a ser cristão se, e somente se, estiver usando o jugo de Cristo. A figura do jugo equivale à comunhão. Estar ao lado de Cristo emparelhado com Ele, nos fará reproduzir seus movimentos, seus pensamentos, sua tarefa. Toda vez que alguém tiver alcançado a comunhão com Cristo pelo efeito produzido pelo jugo, poderá, por sua vez, usar o jugo para orientar outrem.

“Precisamos aprender abnegação, coragem, paciência, fortaleza e amor perdoador.  À medida que Cristo, o modelo, é sempre mantido diante dos olhos do espírito, formar-se-ão novos hábitos, poderosas tendências hereditárias e cultivadas serão subjugadas e vencidas, o amor-próprio será lançado ao pó, os velhos hábitos de pensamento serão sempre resistidos, o amor da supremacia será visto em seu caráter real, desprezível, e será vencido” (Ellen White, Manuscrito 6, 1892).

“Nossa independência natural, nossa confiança em nós mesmos, nossa forte obstinação, transformar-se-ão num espírito infantil, submisso, dócil. ... Reconheceremos a autoridade de Cristo para dirigir-nos, e Seu direito a nossa incondicional obediência” (Ellen White, Carta 186, 1902). Jesus abriu uma escola para educação e preparo de Seus escolhidos, e eles devem estar sempre aprendendo a praticar as lições que Ele lhes dá, a fim de conhecê-Lo plenamente. A equação formada pelo lar e a igreja deveriam ser a escola mais eficaz. O resultado para alguém submetido a esse sistema educacional seria “um espírito dominado, palavras de amor e ternura, uma honra ao Salvador. Os que falam palavras bondosas, palavras amáveis e que promovem paz, serão ricamente recompensados. [...] Temos de deixar que Seu espírito irradie na mansidão e humildade dEle aprendidas” (Ellen White, Carta 257, 1903).

No evangelho de João lemos o seguinte diálogo entre Jesus e um fariseu chamado Nicodemos: “Jesus respondeu, e disse-lhe: Na verdade, na verdade te digo que aquele que não nascer de novo, não pode ver o reino de Deus. Disse-lhe Nicodemos: Como pode um homem nascer, sendo velho? Pode, porventura, tornar a entrar no ventre de sua mãe, e nascer? Jesus respondeu: Na verdade, na verdade te digo que aquele que não nascer da água e do Espírito, não pode entrar no reino de Deus. O que é nascido da carne é carne, e o que é nascido do Espírito é espírito (João 3:3-6). Facilmente identifica-se que Jesus mostrava a Nicodemos que a educação recebida de acordo com o mundo deve ser apagada e substituída pelo novo nascimento. Deve-se adquirir abnegação, coragem, paciência, fortaleza e amor perdoador. Tais mudanças somente acontecem pelo uso do jugo de Cristo.

Na carta aos Gálatas, o apóstolo Paulo identifica o reino de satanás:” Porque as obras da carne são manifestas, as quais são: adultério, prostituição, impureza, lascívia, Idolatria, feitiçaria, inimizades, porfias, emulações, iras, pelejas, dissensões, heresias, Invejas, homicídios, bebedices, glutonarias, e coisas semelhantes a estas, acerca das quais vos declaro, como já antes vos disse, que os que cometem tais coisas não herdarão o reino de Deus” (Gl. 5:19-21). Logo a seguir Paulo identifica o Reino de Deus: “Mas o fruto do Espírito é: amor, gozo, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fé, mansidão, temperança. Contra estas coisas não há lei” (Gl. 5:22-23). As virtudes do Reino de Deus advêm do aprender com Cisto, “porque sou manso e humilde de coração”. Com Ele aprenderemos, abnegação, coragem, paciência, fortaleza e amor perdoador. Esses valores empoderam o homem para que o espírito (mente = amor, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fé, mansidão temperança) vença a carne (impulsos tais como adultério, prostituição, impureza, lascívia, idolatria, feitiçaria, inimizades, porfias, emulações, iras, pelejas, dissensões, heresias, invejas, homicídios, bebedices, glutonaria).

Até aqui, vimos o método para educar adultos. Porém, qual seria o método para educar crianças?

Se um adulto necessita nascer outra vez para ver o Reino de Deus, uma criança tem a vantagem de ter acabado de nascer. Portanto, os melhores momentos para formação de pessoas são os primeiros seis anos da sua vida. Segundo alguns estudos, essa é a fase em que o cérebro das crianças se desenvolve mais rapidamente e é capaz de absorver uma grande quantidade de informações e habilidades. Nesse período, as crianças aprendem a falar, a ler, a escrever, a contar, a se relacionar com os outros, a expressar suas emoções, a resolver problemas, a criar e a imaginar. Algumas das características que favorecem o aprendizado infantil nessa fase são: a curiosidade, a motivação, a atenção, a memória, a imitação, a repetição, o jogo e a interação social. Esses fatores estimulam as conexões neurais e fortalecem as áreas cerebrais responsáveis pelo pensamento, pela linguagem, pela criatividade e pelo raciocínio lógico-matemático.

Os neurônios, as células que formam o cérebro, têm a capacidade de ligações complexas chamadas de redes neurais. Quando se está aprendendo ou abstraindo um conceito, várias regiões do cérebro interagem, ativando diferentes grupos de neurônios. A força e a frequência das conexões sinápticas entre esses neurônios podem ser modificadas com base na experiência e no aprendizado, um fenômeno chamado plasticidade sináptica. Portanto, é fundamental que as crianças tenham acesso a ambientes ricos em estímulos sensoriais, afetivos e cognitivos, que ofereçam desafios adequados ao seu nível de desenvolvimento e que promovam sua autonomia e sua autoestima. Assim, elas poderão aproveitar ao máximo sua capacidade de aprendizado e se tornarão adultos mais felizes, inteligentes e criativos. Os ambientes mais adequados para que uma criança receba educação, de modo a aprender amor, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fé, mansidão, temperança, são o lar e a igreja. Moises instruiu o povo de Israel dizendo: “Ouve, Israel, o SENHOR nosso Deus é o único SENHOR.  Amarás, pois, o SENHOR teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todas as tuas forças. E estas palavras, que hoje te ordeno, estarão no teu coração; E as ensinarás a teus filhos e delas falarás assentado em tua casa, e andando pelo caminho, e deitando-te e levantando-te.  Também as atarás por sinal na tua mão, e te serão por frontais entre os teus olhos. E as escreverás nos umbrais de tua casa, e nas tuas portas” (Dt.6:4-9).

Se é no lar que uma criança aprende os valores corretos, é também no lar que elas aprendem erros. O apóstolo Pedro adverte dizendo: “Sabendo que não foi com coisas corruptíveis, como prata ou ouro, que fostes resgatados da vossa vã maneira de viver que por tradição recebestes dos vossos pais” (1Pe 1:18). A vã maneira de viver é: adultério, prostituição, impureza, lascívia, Idolatria, feitiçaria, inimizades, porfias, emulações, iras, pelejas, dissensões, heresias, Invejas, homicídios, bebedices, glutonarias, e coisas semelhantes a estas.

 “Mães, estai certas de que disciplinais devidamente vossos filhos durante os seus três primeiros anos de vida. Não lhes permitais formar suas vontades e desejos. A mãe deve ser mente para os filhos. Os três primeiros anos são o tempo para vergar o pequenino rebento. As mães devem compreender a importância desse período. É aí que é posto o fundamento” (Ellen White, Orientação da Criança, 194).

“Permiti que o egoísmo, a cólera e a voluntariedade sigam sua direção nos primeiros três anos da vida de uma criança, e difícil será levá-la a submeter-se à sã disciplina. Sua disposição tornou-se azeda; ela se deleita em seguir sua própria vontade; desagradável é o domínio paterno. Essas más tendências desenvolvem-se à medida que ela cresce, até que, na varonilidade, o supremo egoísmo e a falta de controle sobre si mesmo o coloca à mercê dos males que andam desenfreados em nossa terra” (Ellen White, Temperança, 177).

“A cada mãe são confiadas oportunidades de inestimável valor e interesses infinitamente preciosos. Durante os primeiros três anos de vida do profeta Samuel, sua mãe lhe ensinou cuidadosamente a distinguir entre o bem e o mal. Por meio de todo objeto familiar de que estava rodeado, ela procurou levar-lhe os pensamentos para o Criador. [...] Seu preparo precoce levou-o a escolher manter sua integridade cristã. Que recompensa a de Ana! E que incentivo para a fidelidade o seu exemplo!” (The Review and Herald, 8 de setembro de 1904).

“Se esperastes até vossos filhos terem três anos de idade para lhes começar a ensinar o domínio próprio e a obediência, procurai fazê-lo agora, embora seja muito mais difícil” (Ellen White, Manuscrito 74, 1899).

Agora é o momento de reforçar os conceitos bíblicos importantes. CARNE (Porque as obras da carne são manifestas, as quais são: adultério, prostituição, impureza, lascívia, Idolatria, feitiçaria, inimizades, porfias, emulações, iras, pelejas, dissensões, heresias, Invejas, homicídios, bebedices, glutonarias, e coisas semelhantes a estas, acerca das quais vos declaro, como já antes vos disse, que os que cometem tais coisas não herdarão o reino de Deus Gl.5:19-21). ESPÍRITO (Mas o fruto do Espírito é: amor, gozo, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fé, mansidão, temperança. Contra estas coisas não há lei (Gl.5:22-23).

segunda-feira, 6 de novembro de 2023

O corpo, a alma e o espírito não existem separados II

Muitos cristãos pensam que seu destino será viver e morrer vendido ao pecado. Poderá ter algum momento de paz quando, por mercê de Deus, deixamos de pecar, mas, estaremos sempre cedidos ao pecado. Esta noção parece bastante equivocada, uma vez que o apóstolo Paulo recomenda: “Não deixem que o pecado domine o corpo mortal de vocês e faça com que vocês obedeçam aos desejos pecaminosos da natureza humana. E também não entreguem nenhuma parte do corpo de vocês ao pecado, para que ele a use a fim de fazer o que é mau. Pelo contrário, como pessoas que foram trazidas da morte para a vida, entreguem-se completamente a Deus, para que Ele use vocês a fim de fazerem o que é direito” (Romanos 6:12, 13).

Ora, é verdade que há desejos pecaminosos. Qualquer mente que esteja em ambiente de liberdade, poderá abrigar pensamentos bons e maus. Mesmo no céu, as criaturas têm liberdade de pensamento.  Porém, ambientes de liberdade são limitados por leis. Cabe às criaturas manterem-se sob tais limites. Sair das quatro linhas é o pecado. No céu, onde se originou o pecado, os anjos tinham liberdade para pensar, mas, diante deles estava a lei de Deus. O problema não é o livre pensar, mas, sustentar e consentir desejos de ultrapassar os limites legais. O Entre os anjos o pecado teve origem no interior deles. Foi precisamente aspirar estar fora dos limites que levou Lúcifer a ação; ele não tinha tendência para pecar, mas, alimentou secretamente desejos de cobiça e persistiu nesse caminho, resultando em que a sua alma desejasse além do permitido, e seu corpo realizou finalmente uma revolta. Entre os homens, a origem do pecado está ligada a um tentador, mas, “cada um é tentado, quando atraído e engodado pela sua própria concupiscência. Depois, havendo a concupiscência concebido, dá à luz o pecado; e o pecado, sendo consumado, gera a morte.  Não erreis, meus amados irmãos” (Tiago 11:14-16). O que está em pauta no pensamento de Tiago é que o ser humano cai diante da tentação devido ao desejo de satisfazer um anseio particular que é contrário à vontade de Deus. Portanto, é a cobiça do ser humano o arrasta ou o seduz.

Assim como um peixe é atraído ao seu destino pela isca no anzol, os seres humanos são induzidos a cair em pecado pela isca dos enganos e lisonjas do pecado. A força e o poder do pecado não poderiam prevalecer se não fosse por sua astúcia e sedução. Se nutrido e acariciado, o desejo desenfreado finalmente resulta em atos pecaminosos. Se atos pecaminosos resultam de um desejo, então, a tendência ao pecado nasce no interior do próprio indivíduo, como resultado das informações que estão armazenadas e processadas ou trabalhadas na mente. De outro lado, Deus afirma que a inclinação ao pecado resulta do desvio da verdade pura que vem do Altíssimo (Oseias 11:7).

No primeiro livro da Bíblia, o das Gênesis, há um diálogo entre Deus e Caim, filho de Adão, no qual Deus explica que, em liberdade, as criaturas inteligentes têm que tomar a responsabilidade de dominar desejos. Em Gênesis 4:7, Deus fala a Caim: “Se bem fizeres, não é certo que serás aceito? E se não fizeres bem, o pecado jaz à porta, e sobre ti será o seu desejo, mas sobre ele deves dominar”. É importante sentir que temos liberdade para desejar, mas, há desejos bons e maus. Os maus devem ser dominados, conforme o juízo de Deus no diálogo acima. Logo, não se está falando de uma tendência incurável e incontrolável para o mal, como pensam os cristãos, porém, em estado de liberdade, há que se tomar cuidados evitando nutrir pensamentos ilegais, ou seja, o mal.

No texto de Romanos que vimos acima, Paulo afirma:” Não deixem que o pecado domine o corpo mortal de vocês e faça com que vocês obedeçam aos desejos pecaminosos da natureza humana”. Desejos maus podem dominar. A possibilidade do domínio dos desejos sobre a vontade ou a alma, significa que também pode haver o não domínio dos desejos. Domínio sempre pressupõe liberdade antes do domínio. Portanto, há permissão para o domínio. Paulo está conclamando para que nos mantenhamos em liberdade.

A escritora Ellen White chama atenção para o adversário que trabalha contra as almas, significando que quer subjugar a alma. Falando de Cristo, a autora afirma que Ele triunfou sobre o adversário das almas, no conflito das tentações. Logo, o domínio se estabelece na alma, ou seja, na vontade humana, a qual determina a ação. Nossa vitória está na resistência às tentações, pois estas, dominam a alma. Tentações, são insinuações para que percamos o domínio próprio e nos deixemos vencer pelos desejos pecaminosos, aqueles que insistem na ultrapassagem dos limites legais, portanto, degradam a alma. Porém, copiando o exemplo do Cristo, aprenderemos como vencer as tentações (The Signs of the Times, 4 de março de 1880).

Muitos advogam que Cristo era o segundo Adão, sem tendência ao pecado ou sem nenhuma predisposição para errar. Este raciocínio está correto, mas, incompleto. A encarnação de Jesus o torna completamente igual a qualquer homem. Havia a possibilidade de Cristo errar. “Satanás sabia que tudo o que concernia a sua prosperidade estava dependendo do seu êxito ou fracasso em dominar a Cristo com suas tentações no deserto. Trouxe sobre Cristo todo artifício e força de suas tentações poderosas, para demovê-Lo de Sua obediência” (O Desejado de Todas as Nações, p.37). Se Jesus estivesse em vantagem, ou seja, não tivesse nenhuma possibilidade de cair, por que então satanás o tentaria? Nossa esperança está em que “Cristo foi tentado em todos os pontos como nós somos. Como representante do homem Ele Se aproximou de Deus nas provas e tentações. Enfrentou a força intensa de Satanás. Cristo experimentou as mais vis tentações e as venceu em favor do homem. É impossível que o ser humano seja tentado acima do que pode suportar enquanto se apoia em Jesus, o infinito Conquistador” (O Desejado de Todas as Nações, p.38). A afirmação acima desmancha o argumento que pretende dar ao homem desculpas para errar, em virtude da sua tendência pecaminosa.

Em outro texto, Ellen White diz: “O homem caído é, legalmente, cativo de Satanás. A missão de Jesus Cristo foi libertá-lo de seu poder. O homem tem a tendência natural de seguir as sugestões de Satanás e, por si mesmo, não pode resistir com sucesso a tão terrível inimigo, a menos que Cristo, o poderoso Vencedor, nele habite, guiando-lhe os desejos e concedendo-lhe força” (Mensagens aos Jovens, p.51). A autora menciona a tendencia natural de seguir as sugestões de satanás. O pano de fundo é que nossa mente está repleta das instruções de satanás, além disso, cultivamos períodos em atividade mental, sonhando com o erro sugerido pela tentação, e nesta circunstância, tendemos a concretizar o sonho. Todavia, sugestões não obrigam ninguém a aceitá-las. De outro lado, a autora informa que precisamos de ajuda para substituir, na mente, os ensinos satânicos. Somente a habitação de Jesus na mente do homem pode guiar os desejos no sentido contrário ao de satanás. Não restam dúvidas, quanto ao poder decisório da pessoa. Quem decide para qual lado penderá é o indivíduo ou a sua alma, e não uma força pecaminosa inapelável. É importante que o povo de Deus compreenda isso, a fim de escapar de suas ciladas. O texto está mostrando que há uma força mental adormecida, sendo que, os ensinos de Cristo a despertará. No livro Mensagens aos Jovens (p. 53), Ellen White avisa: ”não é, porém, a obra dos anjos bons dominar a mente contra a vontade dos indivíduos. Se se submeterem ao inimigo e não se esforçarem por resistir-lhe, então os anjos de Deus pouco mais podem fazer do que refrear o exército de Satanás, para que não destrua até ser concedida maior luz aos que estão em perigo, a fim de levá-los a despertar e olhar ao Céu em busca de auxílio. Jesus não enviará os santos anjos para livrar os que não fazem esforço para ajudarem a si mesmos”. Conforme pode-se interpretar, não há tendência genética impelindo ninguém a produzir crimes. Alguns costumam usar o texto de Salmos quando afirma que “eis que em iniquidade fui formado, e em pecado me concebeu minha mãe” (Salmos 51:5), para justificar que herdamos geneticamente a tendência pecaminosa. Todavia, o texto do salmos 51 apenas diz que um desejo pecaminoso impulsionou o nascimento de alguém. Até aqui, o que vimos foi que, em liberdade, sempre temos que ter a lei bem à frente, para não sermos tentados a quebrá-la. Se nossa mente tiver nutrido o desejo de quebrar a lei, então, certamente a quebraremos. Se nossa mente tiver nutrido o desejo de fazer o que justo, então, faremos o que é justo. Com muita clareza, os textos acima indicam que nosso pensamento é o produtor da tendência. A vontade ou a alma do homem é ativa e constantemente luta por aplicar todas as coisas a seus fins. Se estiver arregimentada ao lado de Deus e do bem, aparecerão na vida os frutos do Espírito; e Deus designou “glória, honra e paz a todos os que fazem o bem” (Romanos 2:10).

“Quando se permite a Satanás controlar a vontade (ele é o inimigo das nossas almas (acréscimo nosso)), ele a usa para realizar seus fins. Instiga teorias de incredulidade e incita o coração humano a guerrear contra a Palavra de Deus. Com persistente e perseverante esforço, procura inspirar os homens com suas próprias energias de ódio e antagonismo contra Deus, e dispô-los em oposição às instituições e exigências do Céu e à atuação do Espírito Santo. Alista sob seu estandarte todas as forças más, e leva-as para o campo de batalha sob seu comando, a fim de opor o mal ao bem” (Mensagens aos Jovens, p.54).

Deus pede aos homens que se oponham aos poderes do mal. “Nós não estamos lutando contra seres humanos, mas contra as forças espirituais do mal que vivem nas alturas, isto é, os governos, as autoridades e os poderes que dominam completamente este mundo de escuridão” (Efésios 6:12). Forças espirituais sugerem a forma como devemos pensar. Logo, formatam a alma ou a volição humana. Não há neutralidade, pois estamos entre dois conjuntos de forças espirituais: as forças espirituais do bem e as do mal. “Nesse conflito da justiça contra a injustiça, só podemos ser bem-sucedidos através do auxílio divino; a vontade humana deve fundir-se com a divina. Isso trará o Espírito Santo em nosso auxílio; e cada conquista tenderá para o restabelecimento da possessão adquirida de Deus e a restauração de Sua imagem na alma” (Mensagens aos Jovens, p.55). Portanto, admitindo o modelo correto, cuidando das entradas da alma, está-nos prometida a vitória sobre a propensão ao pecado e não apenas um arranjo que nos dará alguma possibilidade de ir vivendo, aqui e ali, sem cometer erros. Definitivamente não. Haverá a restauração, ainda aqui, da imagem de Deus na alma (veja o exemplo de Enoque e Elias), sendo então que nossa pecaminosidade ficará dominada. O crente não é salvo no pecado, mas recebe poder de abandonar o pecado, escapar de suas garras e viver livre de sua influência corruptora. A participação na natureza divina só pode ocorrer depois que o cristão passa a fugir da corrupção. Aliás, de Jesus é dito que “ele salvará o seu povo dos seus pecados” (Mateus 1:21). Logo, não os manterá perdidos e pecaminosos.

A compreensão deste assunto lança luz sobre o final da história do grande conflito. Alguns argumentam que sem a ação do Espírito Santo, o homem sempre voltará à sua pecaminosidade. Depois que Jesus terminar sua obra no santuário celestial, não haverá mais interseção, também estará fechada a porta da graça, ou seja, todo conhecimento para as devidas correções relativas aos crentes já estará dado. As mentes dos crentes fiéis estará completamente sob a influência da verdade celeste e nada do conhecimento mundano terá qualquer influência. Então, haverá um período no qual os justos não contarão com ajuda do céu, no sentido do padrão que deverão adotar. No entanto, manter-se-ão justos. Se houvesse a incontrolável tendência ao pecado, nesse período sem intermediação, certamente cairiam; mas, não cairão. Suas tendências continuarão a ser para o bem, porque as suas mentes conterão os pressupostos do bem, e as suas almas produzirão desejos justos. 

Há incompreensão sobre a forma da ação do Espírito Santo nas mentes humanas. Alguns raciocinam que o Espírito toma posse da mente e sem isso não há como coibir a tendência pecaminosa. Vejamos o que Ellen White diz sobre o assunto: “O Senhor Jesus age por meio do Espírito Santo; pois Este é Seu representante. Por meio dEle, infunde na alma vida espiritual, vivificando as energias para o bem, purificando-a da corrupção moral e habilitando-a para Seu reino. Jesus tem grandes bênçãos a conceder, ricos dons a distribuir entre os homens. É o Maravilhoso Conselheiro, infinito em sabedoria e força; e, se reconhecermos o poder de Seu Espírito e nos sujeitarmos a ser por Ele moldados, estaremos perfeitos nEle. Que pensamento é este! Em Cristo, como ser humano, está presente toda a natureza de Deus, e, por estarem unidos com Cristo, vocês também têm essa natureza” (Colossences 2:9, 10).

Há muita informação acima. A submissão ou sujeição ao Espírito, para que sejamos moldados, por si só, já indica que não se trata de possessão mental, mas, educação. A submissão ou o prestar atenção, aceitar o que é ministrado, nos educará para termos a mesma natureza de Jesus. O processo educacional purificará da corrupção moral habilitando-nos para o seu reino. O termo ‘habilitação para’ é muito diferente de possessão mental. Significa independência individual, porém, sob a sabedoria lecionada, o que nos tornará submissos e não possessos. Portanto, a origem do pecado na mente humana deve ser vista como uma consequência do livre-arbítrio e da tentação externa.

segunda-feira, 30 de outubro de 2023

O corpo, a alma e o espírito não existem separados

 

No âmbito religioso, há muita subjetividade e desbalanço emocional, por força das interpretações pessoais e da falta de leitura e estudo mais aprofundado da verdade bíblica. É muito comum pessoas satisfeitas com a interpretação dos clérigos, uma tentativa de deixar a responsabilidade da atuação pessoal com os guias religiosos. Todavia, em qualquer ramo do conhecimento, deve-se construir saber individual. Ser dono da sua própria ciência produz assertividade e equilíbrio emocional, uma vez que não se deixa a terceiros o definir de propósitos.

No cristianismo, é fundamental a noção de que somos discípulos de Cristo. O discipulado é mais do que o mero assentimento intelectual a algumas premissas. É necessário nascer no Reino de Deus. A razão dessa necessidade é que, quando o homem caiu do seu estado original, perderam-se virtudes que, sem elas, a humanidade fica separada do reino de Deus.

A queda está definida em muitos textos bíblicos.  Na carta a Tito encontramos a seguinte proposta do apóstolo Paulo: “Porquanto a graça de Deus se manifestou salvadora a todos os homens, educando-nos para que, renegadas a impiedade e as paixões mundanas, vivamos, no presente, sensata, justa e piedosamente” (Tito 2:11-12).

Se a graça salvadora nos educa, significa que perdemos virtudes. O texto diz que a educação realizada pela graça trará como resultado o renegar da impiedade, a falta de respeito por valores aceitos no reino dos céus. Também são renegadas as paixões mundanas, os desejos, os impulsos carnais não dominados que, não aspiram nada mais elevado do que os prazeres deste mundo. Em outras palavras, paixões mundanas são um arranjo ordenado de coisas ou pessoas que, muitas vezes, representa o povo ímpio, alienado e hostil a Deus, ou ocupado com assuntos mundanos que levam para longe de Deus, estranho e hostil a Deus e em oposição ao Seu reino. Trata-se da preocupação com falsos ensinos, utilização de elementos terrestres, animados e inanimados que Satanás organizou e arregimentou em rebelião contra Deus.

Muitas coisas boas em si mesmas podem estar entre o homem e Deus. Casas e terras, roupas e móveis, parentes e amigos, são bens que valem a pena (e que substituem Deus), mas que não devem se tornar centro de atenção, em detrimento dos bens espirituais. Sem dúvida, é o eu que finalmente se interpõe entre a pessoa e Deus.

A educação que a graça opera tornará possível o cultivo das altas faculdades mentais da razão. Estas trarão a força de um caráter que esteja à altura de pessoas que resplandecem como luzes e que norteiam o mundo. Através da Palavra Sagrada, será ouvida a voz de Deus, orientando, animando, fortalecendo, fazendo avançar a expansão cognitiva que tornará possível prescindir das coisas físicas em direção a um elevado caráter.

O apóstolo João diz que “o mundo passa, bem como a sua concupiscência, aquele, porém, que faz a vontade de Deus permanece eternamente” (1Jo. 2:17). Ora, está claro que bens físicos são transitórios. O mundo é, repetimos, um arranjo ordenado de coisas. Todas as coisas são finitas. A concupiscência, impulsos que nos atiram para as coisas físicas, também passa. A verdade subjacente é que os impulsos, emoções, desejos, devem estar sob o controle da alma. Quando não há controle sobre os impulsos, estamos em concupiscência. Neste padrão, estamos sob o domínio dos impulsos e das paixões descontroladas, temperamentais. Quando assim, nossa vontade leva o corpo à ação, em busca dos prazeres carnais, ou a satisfação dos desejos; egoísmo (culto ao eu). A isto a Bíblia chama de queda. Então, o estado pecaminoso é a perda do controle das paixões.

Até agora estávamos no plano do discurso teórico. Vejamos como lidar com esta dimensão na prática. Se o corpo é a nossa casa, sendo que através do corpo materializamos nossos desejos, então, desejos descontrolados, que levam a ações comportamentais, resultam de um corpo insano. Aqui começamos a desvendar um mistério.

Somos pura química. Nosso comportamento resulta da secreção de químicos ou humores (hormônios) que nos impulsionam às boas ou às más obras. Os hormônios afetam o corpo humano de várias maneiras, como regulação e funcionamento de estruturas do corpo, desenvolvimento de caracteres, controle da quantidade de glicose e cálcio no corpo, regulação do sono, atuação no metabolismo celular e preparação do corpo para reações de perigo. Eles também têm um grande impacto em quase tudo que o nosso corpo faz, incluindo o controle do ritmo de nossas vidas e a regulação das funções corporais, além de condicionarem nosso comportamento e temperamento. Logo, desequilíbrio hormonal alterará nosso desempenho, levando a agir da maneira que não gostaríamos.

A explicação acima é fundamental para entender o problema moral do pecado. O homem é formado por três partes: corpo, mente ou espírito e alma, às vezes chamada de razão. Em Lucas (12:5) Jesus fala dessas partes dizendo: “Eu vos revelarei a quem deveis temer: temei aquele que, depois de matar o corpo, tem poder para lançar a alma no inferno. Sim, Eu vos afirmo, a esse deveis temer.

É através do corpo que interagimos com o mundo físico. É através do corpo que mostramos nossas ações e, portanto, nosso caráter. É no corpo, ou seja, no cérebro que está a mente ou espírito. A mente é formada pelos neurônios mais as informações neles contidas. Todavia, a mente, propriamente dita é mais do que neurônios e informações; o processamento das informações, ou nossa capacidade de relacionar as informações gerando os conceitos. Estes nos fazem entender a realidade, a isto chamamos de mente ou espírito. Assim, o bom funcionamento do corpo dará sustentabilidade para o bom desempenho da mente. Nossa visão de mundo resulta do processamento das informações, de como analisamos os dados e os sintetizamos. Logo, se nosso corpo não está são, nossa mente estará limitada, portanto, nossa compreensão da realidade estará diminuída. O corpo mais a mente dão surgimento à alma. Esta, é a nossa vontade, nossa volição, nosso ato ou potência de fazer, a vontade de alguma coisa, nossa razão. Esta vontade surge depois que a mente percebe a realidade. Uma vez que processamos as informações e entendemos a realidade, então vem a interação com a realidade, materializada na alma que nos impulsiona para ação. Mas, é no corpo que temos a concretude da ação. Logo, estamos diante de um sincício, um looping de ações, ou partes que só agem juntas. O corpo, a alma e o espírito não existem separados.

O homem somente é alma vivente quando há equilíbrio das três partes que o compõem. O equilíbrio gera a liberdade e a paz. Sempre que o homem domina a mente, relacionando informações que geram pensamentos, a saúde do corpo e da mente trarão a disciplina, o temperamento subjugado.  Este contexto gerará alma livre. Em contrário, desejo descontrolado, gerado por paixões impulsivas oriundas das descargas hormonais desequilibradas, gerará ações que podem envergonhar, fazendo com que o egoísmo assuma o controle das ações. Logo, uma pessoa que se utiliza das regras da temperança, tende a ter as suas três dimensões equilibradas.

O entendimento dos atributos da verdade bíblica é a chave para alcançar o equilíbrio. A santificação é este processo de reequilíbrio e que somente pode ser potencializado e realizado através da palavra de Deus. Sobre isso, o apóstolo Paulo recomenda que “o próprio Deus da paz vos santifique. Que todo o vosso espírito, alma e corpo sejam mantidos irrepreensíveis na vinda de nosso Senhor Jesus Cristo” (1 Tess. 5:23). O contato com Deus, que se dá através da mutualidade com o modelo Jesus, característica de quem aprende com a Bíblia, é o canal que restabelece o equilíbrio humano, por isso a graça é salvadora. O apóstolo pede a irrepreensibilidade das três partes do homem. Nenhuma parte sobrepujando a outra. Então, voltando ao que Jesus disse sobre temer ao que pode matar o corpo e depois a alma, compreendemos que se alguém torna frágil o corpo, fatalmente não terá controle de si mesmo, porque a sua alma não responde com desejos sadios.

Todos os hábitos que debilitam o corpo acabam matando a alma. Esse é o caso dos viciados, em quem a alma não tem a força da vontade, sendo escravizada pelo corpo que passa a exigir que a vontade ou a alma obedeça ao corpo. O apóstolo Pedro segue o mesmo raciocínio quando afirma “amados, exorto-vos como a peregrinos e estrangeiros a vos absterdes das paixões da carne que debilitam a alma” (1Pe.2:11). Salomão fala do looping entre as três partes quando diz que “a alma disposta sustem o ser humano durante a doença, mas o espírito deprimido, quem o pode suportar?” (Prov.18:14).

Paulo chega a falar num corpo natural e num corpo espiritual. Se matamos o corpo natural, ou seja, aquele que por causa da concupiscência domina a alma, então nascerá o corpo espiritual, não dominado por paixões desenfreadas, ou impulsos descontrolados, mas, um corpo que tem prazer em sentir as delícias dos raciocínios e das conquistas intelectuais que moldam outros corpos por sua influência benéfica. Corpos naturais traídos pelos impulsos químicos são a possessão de satanás. O plano da redenção tem em vista a nossa completa recuperação. O modelo Jesus veio para destruir as obras do diabo.

Jesus é o homem em sua perfeita varonilidade, ou seja, sua capacidade de dominar as três dimensões humanas. Sempre esteve no comando das suas ações, sua alma não tinha propensões ao pecado, em virtude de um corpo sadio e uma mente alimentada com a verdade. Ele mantinha seus pensamentos e palavras em sujeição à verdade. Mesmo diante das tentações mais atrozes (cuspiram-lhe no rosto, pregaram-no na cruz, etc.) Cristo manteve o equilíbrio, não deixou que seus hormônios tomassem as rédeas, não abriu a sua boca. Ainda que estivesse sob a tensão de 40 dias sem alimento, o inimigo não o desequilibrou, e não cedeu ao império do corpo e nem ao império da vontade. “A atuação do tentador não deve ser usada como desculpa para que alguém aja erradamente. Satanás se rejubila quando ouve os professos seguidores de Cristo arranjando desculpas para suas deformidades de caráter. São tais desculpas que conduzem ao pecado. Um temperamento santificado, uma vida semelhante à de Cristo, podem ser conseguidos por todo penitente filho de Deus”. (The Review and Herald, 31 de Outubro de 1907).

“Um dos mais deploráveis efeitos da apostasia original foi a perda do poder de domínio próprio por parte do homem. Unicamente à medida que esse poder é reconquistado pode haver real progresso. O corpo é o único agente pelo qual a mente e a alma se desenvolvem para a edificação do caráter. Daí o adversário dirigir suas tentações para o enfraquecimento e degradação das faculdades físicas. Seu êxito nesse ponto importa na entrega de todo o corpo ao mal. As tendências de nossa natureza física, a menos que estejam sob o domínio de um poder mais alto, certamente produzirão ruína e morte”. (A Ciência do Bom Viver, 130 ).

Pelo que vimos acima, a mesma ausência de tendência para o pecado que estava em Jesus, está à disposição de toda humanidade. Apenas temos que colocar o corpo em sujeição, aceitando que as mais elevadas faculdades da alma dominem. As paixões e os impulsos devem ser regidos pela vontade (alma), e esta, por sua vez, deve achar-se sob a direção de Deus.

“O corpo tem de ser posto em sujeição. As mais elevadas faculdades do ser devem dominar. As paixões devem ser regidas pela vontade, e essa deve, por sua vez, achar-se sob a direção de Deus. A régia faculdade da razão, santificada pela graça divina, deve ter domínio em nossa vida. [...] Homens e mulheres precisam ser despertados para o dever do império de si mesmos, para a necessidade da pureza, a liberdade de todo aviltante apetite e todo hábito contaminador. Precisam ser impressionados com o fato de que todas as suas faculdades de mente e corpo são dons de Deus, e destinam-se a ser preservadas nas melhores condições possíveis, para Seu serviço.”  (A Ciência do Bom Viver, 130).

Há uma ciência crucial que deve ser vista por todos. No ritual diário no antigo santuário, o sacrifício que representava Cristo não podia ter defeito. Assim como o próprio Jesus ao viver entre os homens e tendo encarnado à nossa semelhança, performou perfeito domínio sobre as naturais inclinações que corrompem a alma, e foi o sacrifício irrepreensível, devem os homens, através do poder divino, copiando Jesus o modelo perfeito, tornarem-se sacrifício vivo (domínio sobre si), santo, agradável a Deus (Rm. 12:1).

As tentações de Jesus foram apresentadas na tentativa de pressioná-lo a deixar que o desequilíbrio entre corpo, mente e alma imperasse.  Depois de 40 dias sem comer, o inimigo tenta para que o corpo debilitado de Jesus, produzisse desequilíbrio mental e a alma demandasse comida. Jesus não cedeu. Ao responder que “nem só de pão vive o homem”, demonstrou equilíbrio, liberdade, varonilidade, ou seja, nenhuma mancha egoísta.

Toda sociedade humana está completamente acostumada em satisfazer as exigências da carne. Sempre estamos acariciando alguma concupiscência. Além disso, aprendemos vícios por causa da chamada consciência coletiva. Aprendemos costumes dietéticos, por exemplo, que somente tornam mais difícil o domínio do corpo pela mente e alma. Vícios, de quaisquer espécies, transformam o corpo em carrasco da alma.

Há ainda, em todas as vertentes do marketing das comunicações, apelos visuais que aprisionam a alma à compra sem controle de bens. O mundo físico com as tecnologias e os designs que provocam a concupiscência visual, são cadeias que parecem douradas, mas, maculam a alma. Mesmo em contato com a preciosa palavra de Deus, os crentes vivem de acordo com o comportamento dos que não são livres. Toda alma que está presa na concupiscência é considerada morta para o reino dos céus. Lá, os bens físicos são apenas domínios ou espaços para execução dos bens espirituais, superiores. Bens espirituais representam virtudes e seus valores, bens muitíssimo superiores, utilizados não para o uso pessoal, mas, para edificação de outros. Por esse motivo, as crianças que têm vontade inteligente devem ser educadas de maneira a reger todas as suas faculdades. À mente humana, porém, deve ser ensinado o domínio próprio. Ela deve ser educada a fim de governar o ser humano (Conselhos sobre Educação, p.2).

Cedendo à tentação de satisfazer o apetite, Adão e Eva caíram originalmente de sua condição elevada, santa e feliz. E é por meio da mesma tentação que os homens se têm debilitado. Eles têm permitido que o apetite e a paixão ocupem o trono, mantendo em sujeição a razão e o intelecto ( Conselhos sobre Educação, p.9). Aqui está o que a Bíblia chama de queda. O corpo sujeitando a razão. E como vimos acima, a educação verdadeira deverá manter o corpo em sujeição à razão. A isto denomina-se perfeição.

“Cristo veio a este mundo e viveu a Lei de Deus, a fim de que o homem pudesse ter perfeito domínio sobre as naturais inclinações que corrompem a alma. Médico da alma e do corpo, Ele dá a vitória sobre as concupiscências em luta no íntimo. Proveu toda facilidade para que o homem possa possuir inteireza de caráter” (A Ciência do Bom Viver, p.130).

Uma palavrinha mais sobre a queda. Por causa da nossa tendência em atender os apelos da carne, não nos é possível manter a virtude da lealdade. Sempre que alguma promessa de lealdade é feita, esta não se sustenta por causa da sujeição da razão ao corpo. Nossos impulsos impedem o uso adequado da razão e não sustentamos a lealdade, por tratar-se de uma virtude que exige mantermos a egolatria sob controle. Por essa razão não somos leais a Deus e nem aos nossos semelhantes. Mas, graças a Deus por Nosso Senhor Jesus Cristo, quem nos ensinou o caminho para a volta o estado inicial da humanidade: o equilíbrio.