quinta-feira, 22 de maio de 2014

Nascer da água e do Espírito

Um dos assuntos mais confusos no âmbito do cristianismo é como deve ser o batismo e, se a validade do batismo é tão ampla que transcende as denominações. Esta questão foi cabalmente discutida nos escritos paulinos do Novo Testamento bíblico, conforme vemos na seguinte afirmação: "Assim, meus irmãos, também vós morrestes relativamente à lei, por meio do corpo de Cristo, para pertencerdes a outro, a saber, Aquele que ressuscitou dentre os mortos, a fim de que frutifiquemos para Deus" (Rm 7:4). 

Paulo, um mestre excelente, compreendeu a transição entre o judaísmo e o cristianismo e nos orienta soberanamente no assunto do batismo. Abrindo um pequeno parêntese, percebamos a sapiência paulina no verso acima; em uma frase Paulo resume a enorme ciência da salvação. Somente aqueles que dominam um determinado conhecimento podem ter tal poder de síntese! Voltando, agora, ao assunto do batismo, vemos que para entender as razões do ritual, teremos que ir às origens, quando da queda do gênero humano. 

Ao sair das mãos do criador o homem trazia consigo a imagem dEle, ou seja, estava completamente em conformidade com a Lei do reino de Deus. Paulo explica o que ocorreu por causa da queda: “Porque a lei do Espírito de vida, em Cristo Jesus, me livrou da lei do pecado e da morte.” (Rm.8:2). Enquanto viveu em seu estado original, Adão existia na lei da vida; em pecado, imperou a lei da morte. Abriu-se um abismo entre o homem e a fonte da vida, ficando este separado da vida, sob outra lei. Nesta condição, os filhos de Adão, todos, foram submetidos à lei da morte tornando-se, portanto, mortais. Conforme afirma Paulo no texto acima, a mesma lei que garante a vida passou a ser a lei que determina a morte. Então, por que a morte passou a dominar? 
Em todo sistema legal a não observância dos marcos judiciais gera um débito para com o sistema. E, no caso da Lei de Deus, esse débito moral faz com que a criatura carregue um estado de anomia que lhe é intrínseco, fato explicado na bíblia como não havendo nenhum justo, nem um sequer (Rm. 3:10). Tal situação coloca em cada ser humano em um tipo de débito somente pago com própria morte. 

A resolução deste problema foi mostrada por Jesus na conversa que ele manteve com Nicodemos: Jesus respondeu, e disse-lhe: Na verdade, na verdade te digo que aquele que não nascer de novo, não pode ver o reino de Deus. Disse-lhe Nicodemos: Como pode um homem nascer, sendo velho? Pode, porventura, tornar a entrar no ventre de sua mãe, e nascer? Jesus respondeu: Na verdade, na verdade te digo que aquele que não nascer da água e do Espírito, não pode entrar no reino de Deus. O que é nascido da carne é carne, e o que é nascido do Espírito é espírito. (Jo. 3:3-6). Jesus explica o que é necessário para liquidar o débito. 

Todo homem nasce sob Adão e, por consequência, é mortal. Para sair da morte para a vida, necessita nascer de outro pai que esteja submetido à lei da vida. Para tal, os céus enviaram a Jesus, chamado nas escrituras de o outro Adão (I Cor.15:45), para que através do batismo pudéssemos morrer para a carne e nascer para o Espírito. 
  
Como, de fato, ocorre esta transformação? Vamos aos escritos paulinos para obter a resposta: “De sorte que fomos sepultados com ele pelo batismo na morte; para que, como Cristo foi ressuscitado dentre os mortos, pela glória do Pai, assim andemos nós também em novidade de vida (Rm 6:4)”. “Sepultados com ele no batismo, nele também ressuscitastes pela fé no poder de Deus, que o ressuscitou dentre os mortos (Col. 2:12)”. Através do batismo morremos com Cristo e renascemos de um novo pai, não mais do primeiro Adão e sim do segundo Adão. Passando a imitá-lo e, em razão da justiça do novo pai, somos justificados e não mais condenados; a lei que nos condenava à morte passa a ser a lei da vida em Cristo. 

É importante entender bem o que ocorreu. Jesus pagou o preço exigido pela lei e nos libertou da escravidão da morte. No entanto, a lei não está anulada e continua sendo observada nas condições de uma nova vida. Assim, o crente deixa de estar em desarmonia com Deus e passa a ter um relacionamento correto com Ele (não nenhuma outra maneira de nos relacionarmos com Deus se não através da lei). 

Na conversa com Nicodemos, Jesus afirmou que era necessário nascer da água e do Espírito. O nascer do Espírito significa mudança mental e predisposição para obedecer a lei. Tal comportamento vai sendo consolidado dia a dia, através da graça que é concedida ao renato. O Espírito Santo conduz o crente às fontes de convencimento que são a Bíblia e o Espírito de Profecia. A leitura e estudo destas fontes da graça levam ao conhecimento de Cristo e ao esclarecimento de raciocínios que antes eram incompreensíveis. Os ensinos que haviam sido mistérios são esclarecidos.  Guiados pelo Espírito raia luz no entendimento anteriormente obscurecido. Por esse processo, nasce um novo homem de acordo com as expectativas dos céus. 

Toda a preparação que se necessita para o encontro com Jesus no seu regresso se dá através do que se viu acima e, para que tenhamos um auxílio coadjuvante, nosso bom Deus nos aproxima da sua igreja onde, buscamos o nascimento pela água e onde há também orientação sobre o que estudar e como estudar. Igrejas que advogam a não observância da lei de Deus não podem promover o novo nascimento, considerando que o novo homem vai estabelecer o relacionamento correto com Deus, tal qual o experimentado por Adão antes da queda. Por essa razão, não tem validade os batismos que são realizados tendo como fundamento filosófico a anulação da lei. Enquanto não houver o nascimento da água e do Espírito a criatura jaz no mundo dos mortos. Aquele que nasce no reino de Deus frutificará, ou seja, passará a  viver na esperança de estar cada vez mais e mais assemelhado a CristoMas a vereda dos justos é como a luz da aurora, que vai brilhando mais e mais até ser dia perfeito (Prov.4:18). 

quarta-feira, 7 de maio de 2014

Submissão aos fundamentos do universo




A Lei de Deus é o fundamento onde se ajusta toda estrutura do universo. Ela foi determinada ao nosso mundo no primeiro dia da criação, quando Deus disse haja luz. É muito instigante perceber que Deus, após ter feito a luz, examina-a e diz que a luz é boa. Por acaso faria Deus alguma coisa ruim? Então, o que significou examinar a luz? Não nos esqueçamos que a criação da Terra deu-se após a queda de Lúcifer; havia a tentativa de uma outra luz. A propósito, luz na Bíblia é a Lei (Provérbios 6:23; II Samuel 22:29; Salmos 119:105), assim, a luz do primeiro dia era o ordenamento jurídico celeste o qual Deus considerou adequado. 

A Lei sempre antecedeu qualquer interposição divina no âmbito terrestre. Fora dada no Sinai antes da fundação do Estado teocrático de Israel. Depois do retorno do cativeiro babilônico a Lei foi lida por Esdras, o sacerdote (Neemias 8) buscando ensinar ao povo e, novamente, a nação foi reorganizada. Os anjos proclamaram a lei quando anunciaram o nascimento de Jesus aos pastores cantando: “Glória a Deus nas alturas e paz na Terra aos homens de boa vontade”. Quando Jesus pronunciou o famoso sermão da montanha explicou aos ouvintes o conteúdo da Lei e os fundamentos do seu reino. E novamente em 1844, quando, segundo a profecia, deu-se a proclamação das mensagens angélicas, a primeira delas fazia aguda referência à Lei “temei a Deus a dai-lhe glória...” (Apocalipse 14:6,7) e, como consequência, surgem os Adventistas que divulgam a Lei como sua ordenação jurídico-eclesial.
Há dois sistemas cristãos em andamento para os quais um evidente ponto de controvérsia é o dia de guarda estabelecido pela Lei: O sábado do sétimo dia. É fato definido que este preceito da Lei tenha sido dado a conhecer no nosso planeta e ensinado ao homem antes que o pecado houvesse penetrado. Isto nos chama atenção e formula uma pergunta importante: Qual o significado do sábado no contexto da Lei para que o mesmo fosse dado ao homem antes de mais nada? Por qual razão o homem foi submetido à guarda do sábado após ter sido criado?

Todos os atos da criação e sua sequência necessariamente obedeceram a Lei de Deus. Vejamos, se os fundamentos da Lei são o amor a Deus e o amor ao próximo, então, no primeiro dia, a criação da luz, ou seja, a implantação da Lei foi o cumprimento dos três primeiros mandamentos ou o primeiro fundamento. Os outros eventos da criação formam um protocolo para o cumprimento do segundo fundamento, uma vez que a infraestrutura implantada/criada fora para manutenção da vida humana e animal. Ellen White em seu livro “O desejado de Todas as Nações”, no capítulo primeiro evidencia o que ela chama de ciclo da beneficência: tudo provém de Deus que dá a Jesus e este distribui aos anjos os quais, por sua vez, distribuem aos homens e estes aos semelhantes, voltando para Deus. Se olharmos atentamente à criação veremos que o referido ciclo foi respeitado na sequência dos acontecimentos, restando ao homem, através da guarda do sábado, devolver a Deus tudo o que havia recebido. Notemos algo em nosso dia a dia; trabalhamos seis dias para nosso próprio sustento e, quando deixamos nossa tarefa secular no sétimo dia, estamos realizando o primeiro princípio da Lei, o amor a Deus. Todavia, o sábado requer que façamos obras de beneficência e misericórdia. Atendendo a necessidade dos desprovidos alcançamos o segundo princípio da Lei. A guarda do sábado fecha o ciclo da beneficência pois recebemos de Deus o que possuímos (os anjos nos auxiliam nos protegendo e guiando), transferimos parte do que ganhamos aos necessitados (praticamos a justiça) e, neste sentido, devolvemos a Deus (quando fizestes a um destes pequeninos a mim o fizestes). O sábado é o presente de Deus ao homem para que este cumpra completamente a Lei. Se isto é assim, então pode-se ter o juízo do porque o inimigo golpeia o sábado; retirando o sábado ele destrói a Lei.

Foi por causa da não observância do sábado que Israel foi levado cativo à Babilônia. De outro lado, no final dos tempos, o sábado será o motivo para a perseguição dos remanescentes. Este mesmo sábado está sendo reiterado nas mensagens angélicas de Apocalipse 14: Temei a Deus e dai-lhe glória. Temer a Deus significa manter a Lei e notar a sua abrangência. Afirmo que o estudo da Lei deveria ser nossa maior preocupação considerando que a lei do SENHOR é perfeita, e refrigera a alma; o testemunho do SENHOR é fiel, e dá sabedoria aos símplices. (Salmos 19:7).

A importância do sábado pode ser compreendida através da revelação de que, mesmo após a restauração da Terra, o sábado continuará sendo observado (Isaías 66:23). “Eu vi que o sábado nunca será anulado; antes, por toda a eternidade, os santos remidos e todo o exército celestial o observarão em honra ao grande Criador” (Primeiros Escritos, 216). Deus colocou sobre o sábado a sua santidade, ou seja, a sua Lei, assim, cabe a nós santifica-lo também. É o dia memorial que reconhece a Deus como o Criador, sendo que em toda a criação vemos os Seus traços, a sua Lei em operação e, nesta condição o sábado nos leva à submissão aos fundamentos do universo.