segunda-feira, 4 de maio de 2015

NÃO PUDE FICAR TRISTE!


Estar no Amazonas sempre rende surpresas construtivas. No sábado 02.05.2015, juntamente com uma equipe de amigos estivemos em Novo Remanso, Itacoatiara, onde passamos um sábado muito ativo, participando dos ofícios da igreja e visitando irmãos locais. Pessoalmente, ansiava por estar no Novo Remanso, um lugar que me traz muitas reminiscências da infância, quando meu pai estava em pleno vigor da juventude.

Exatamente na data da visita, completava-se três anos do falecimento do meu pai. Ali, no ambiente do Novo Remanso, onde meu pai aplicara grande esforço profissional, construindo uma igreja, construindo relacionamentos, não pude sentir tristeza, a obra que o meu pai fizera estava viva e eu sentia alegria por estar naquele sábado ali, de alguma forma, revivendo os tempos que já estão na história. Vi também que a sabedoria bíblica é verdadeira: fenece o homem, mas, as suas obras o seguem. Deste modo, meu pai se tornou imortal, porque existem aqueles que dele se lembram. A propósito, visitei um senhor chamado Raimundo, o qual ajudou a construir a primeira igreja do Novo Remanso, que era uma igreja flutuante. Nela, meu pai se empenhou muitíssimo, ajudando fisicamente na sua construção. Quando ficou pronta, realizaram a cerimonia de dedicação, para a qual afluíram muitos irmãos usando canoas como veículo. A igreja ficou repleta de irmãos (alguns remaram até quatro horas para chegar). Era um edifício flutuante todo branco, mais parecia um cisne elegante no fundo de um lago chamado Progresso. Segundo depoimentos de pessoas que estavam envolvidas na manutenção da igreja flutuante, o tempo e os cupins determinaram seu desaparecimento. Lamentável que este edifício não mais exista, poderia estar em museu exposto para que os mais jovens conhecessem a nossa história.

O Sr. Raimundo e a sua esposa, quando jovens, conheceram meu pai e minha mãe. Contaram-me do apreço que sentiam por eles e do envolvimento dos pastores de então com os membros das igrejas, lamentando a situação atual pelo distanciamento da liderança. Dirigiram palavras de carinho ao meu pai e, consequentemente, eu colhi ali naquela casa, o que meu pai plantou há 60 anos.

À tarde foi realizado, na igreja Canaã, um programa musical onde o Grupo AmaDeus (grupo musical multigrejas de Manaus) fez apresentações de músicas cantadas em louvor a Deus. A congregação compareceu na quase totalidade. Foram momentos de enlevo e entrosamento inesquecíveis. Senti o quanto aquele esforço dos pioneiros foi importante e efetivo; hoje há cerca mil adventistas no Novo Remanso, quase um décimo da população aceitou a mensagem do advento.

Creio que fiz uma boa homenagem ao meu falecido pai. Justo no dia em que completou três anos do seu passamento, vi o que resultou da obra que fizera. Não pude ficar triste, ao contrário, senti o quanto Deus o amou e como tenho orgulho da minha origem e do que aprendi convivendo com o meu pai.


Um dia desses vou reencontrar com meus pais e, então, nunca mais vou me separar deles. Jesus é a minha certeza de que nos encontraremos. Vou poder contar-lhes dessa experiência no Novo Remanso e creio que eles sorrirão lembrando daquele passado feliz. Sorrirão mais ainda quando virem o que resultou dos seus esforços nos idos dos anos 1950, quando passaram pelos rios da Amazônia onde deixaram suas marcas e as suas juventudes.

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