segunda-feira, 20 de julho de 2015

O regresso de Jesus postergado?


A grande e feliz esperança dos cristãos é ver a chegada do fim dos séculos com a volta de Jesus a este planeta, conforme a promessa feita por Ele quando depois da sua morte voltou aos céus. Os movimentos religiosos cristãos, baseados nas profecias, têm a preocupação de alertar sobre a proximidade desse evento magnifico, mas há sempre um forte sentimento místico permeando as ações que deverão ser realizadas para esperar o fim.

Em artigo publicado na Revista Adventista (maio, 2008), o Pastor Alberto Timm declara que “...houve pelo menos dois momentos cruciais, no século XIX,  em que o cenário global já estava se preparando para os eventos finais, mas acabou sendo detido por intervenção divina, porque a igreja ainda não estava preparada para se encontrar com Deus”. As datas citadas são 1844 e 1888. Na primeira data, o cenário era o seguinte: os grandes sinais do tempo do fim (Mt 24:29; Ap 6:12-14) já se haviam cumprido {Terremoto de Lisboa (1755); escurecimento do sol e da lua (1780); queda das estrelas (1833)}. Além disso, haviam leis dominicais aflorando nos Estados Unidos entre 1843 e 1844; o mundo cristão se dava conta de um momento solene na história e havia uma expectativa de que algo grandioso iria acontecer. Ellen White escreveu dizendo "Houvessem os adventistas, depois do grande desapontamento de 1844, sustido firme sua fé e seguido avante unidos, segundo a providência de Deus lhes abria o caminho, recebendo a mensagem do terceiro anjo e no poder do Espírito Santo proclamando-a ao mundo, haveriam visto a salvação de Deus, o Senhor teria operado poderosamente com os esforços deles, a obra haveria sido concluída, e Cristo teria vindo antes para receber Seu povo para dar-lhe o galardão”(Evangelismo,p.695). Mas, conforme assinala Timm, o povo do advento deixou de cumprir as expectativas divinas.

A segunda data tem o seguinte cenário: os Adventistas já haviam pregado por 40 anos as três mensagens angélicas, dando ênfase na guarda dos mandamentos e na fé de Jesus. Havia forte energia relacionada ao reavivamento e a reforma necessários para a conclusão da pregação do evangelho no mundo. Novamente leis dominicais surgiam nos Estados Unidos. Outra vez Ellen White escreveu: “O tempo de prova está exatamente diante de nós, pois o alto clamor do terceiro anjo já começou na revelação da justiça de Cristo, o Redentor que perdoa os pecados. Este é o princípio da luz do anjo cuja glória há de encher a Terra." (Mensagens Escolhidas, v.1, p.362). Apesar da proclamação da mensagem do terceiro anjo estar em andamento, a volta de Jesus foi novamente postergada. O que teria acontecido, ou melhor, quais as causas dessas tardanças?

Se a divindade preferiu pospor o grande acontecimento torna-se imprescindível buscar as causas desta reação. Assim, vamos ao profeta para pedir-lhe esclarecimentos: “Por quarenta anos a incredulidade, a murmuração e a rebelião excluíram o antigo Israel da terra de Canaã. Os mesmos pecados têm retardado a entrada do Israel moderna na Canaã celestial. Em nenhum dos casos houve falta da parte das promessas de Deus. É a incredulidade, a mundanidade, a falta de consagração e a contenda entre o professo povo de Deus que nos têm detido neste mundo de pecado e dor por tantos anos” (Evangelismo, p. 695-696).

Há na citação acima quatro situações que o profeta assinala como causas da detenção do povo de Deus neste mundo. A primeira é a incredulidade ou descrença nas admoestações do céu. Solicitações para observar a lei, temperança, beneficência, entre outras, são desprezadas e às vezes vituperadas, significando comportamento, discurso ou atitude que demonstra insulto e censura, até mesmo o menosprezo. A mundanidade significa a adoção de tradições humanas as quais passam a ser mais consideradas do que as exigências da lei de Deus. Tais tradições fizeram a decadência do judaísmo e podem estar, conforme o profeta, aluindo a confiança na palavra de Deus. O conhecimento científico é muitas vezes exaltado e considerado em detrimento do conselho divino. A falta de consagração ou dedicação; entrega exclusiva a alguém ou a alguma coisa. Os religiosos não estão dedicados às coisas do reino de Deus, mas agem em conformidade com as tradições humanas. Finalmente a contenda, ação ou efeito de contender (brigar); altercação; circunstância em que ocorre conflitos, discussão ou discórdia. Esta situação é contumaz nas comunidades cristãs e tem sido o combustível à proliferação de igrejas evangélicas. Mas, a Bíblia diz  em I João 1:5-7: “E esta é a mensagem que dele ouvimos, e vos anunciamos: que Deus é luz, e não há nele trevas nenhumas. Se dissermos que temos comunhão com ele, e andarmos em trevas, mentimos, e não praticamos a verdade. Mas, se andarmos na luz, como ele na luz está, temos comunhão uns com os outros, e o sangue de Jesus Cristo, seu Filho, nos purifica de todo o pecado”. Portanto, a presença de conflitos nas comunidades cristãs as tira da luz lançando-as nas trevas. Se em Deus não há trevas nenhumas, então, comunidades em conflito não podem pretender ajuda de Deus.

Reitera-se as assertivas de Ellen White: "Por quarenta anos a incredulidade, a murmuração e a rebelião excluíram o antigo Israel da terra de Canaã. Os mesmos pecados têm retardado a entrada do Israel moderno na Canaã celestial"(op.cit).

O que se conclui é que o comportamento dos cristãos tem influência nas decisões divinas e que o retorno de Cristo poderá ser apressado se os fiéis perceberem que há uma expectativa a ser cumprida antes que a grande esperança se torne realidade. Orar pelo Retorno de Jesus é imprescindível, mas é necessário cuidado, pois pode ser que estejamos orando para nossa própria destruição, se as quatro condições acima citadas estiverem operando em nossas comunidades.


O alto clamor do terceiro anjo já começou na revelação da justiça de Cristo, diz Ellen White, significando que aos cristãos cabe realizar a obra que Cristo realizou, sendo esta a maneira através da qual demonstrarão que estão em comunhão com Ele. Somente quando isto ocorrer poderá Jesus retornar.